domingo, 2 de março de 2014

UNHA ENCRAVADA - ATENDIMENTO HUMANIZADO E RESPEITO A DOR DO PACIENTE


Curitiba, 28 de fevereiro de 2014

É com muita satisfação que cito este relato de caso sobre Onicocriptose de Grau III. 

Trata-se de uma sra de 40 anos, servente de serviços gerais em uma escola de educação especial em Curitiba, que desde janeiro deste ano, estava impedida de desenvolver suas atividades laborais ( trabalho ) e pessoais ( cuidar das atividades de casa e colocar seus calçados fechados , etc ), devido " sua unha " que estava encravada, com dor intensa no local e com processo infeccioso. 

Vale a pena ressaltar que os casos de onicocriptoses (termo técnico usado pela classe podológica Mundialmente, que quer dizer *unhas encravadas* ), representa aproximadamente quase 30% das queixas que levam o paciente a procurar um podólogo(a), perdendo apenas para as onicomicoses ( micoses das unhas ), com uma estimativa de 40% das onicopatias ( doenças das unhas ) que afetam tanto a saúde das unhas como a questão estética, interferindo até no convívio social deste indivíduos. 

Neste sentido, com relação ao caso citado, esta paciente chegou ao consultório com bastante fobia ( medo, vide expressão ruborizada e uma toalha para morder, na hora da remoção da espícula ), pois já tinha consultado 2 médicos clínicos gerais ( unidade básica de saúde-UBS ), onde indicaram apenas higiene local no dedo com água corrente e antibiótico tópico ( sulfato de neomicina - pomada ) e sistêmico ( cloridrato de cefalexina, 7 dias ). Ainda em seu relato, contou que há mais de 8 anos teve unha encravada e procurou um podólogo, mas sua experiência com " A DOR " durante o procedimento foi HORRÍVEL, TIPO DE UM PARTO !!!

Na segunda visita ao médico da UBS, perguntou ao plantonista se não seria o caso de procurar um podólogo ? E recebeu como resposta: " não precisa, é uma bactéria que está no dedo e vai melhorar com a medicação " !

Abaixo, segue o relato da paciente, onde evidencia os impactos sociais ( atividades recreativas, festivas ), econômicos ( gastos com medicamentos, curativos, ausência no trabalho ), e também psicológicos relacionados à unha encravada ( onicocriptose ), pois além de ser porta de entrada para outras infecções bacterianas secundárias , o indivíduo com este tipo de problema também se isola socialmente, devido  " sentir vergonha de mostrar suas unhas neste estágio ". 

 


Conforme figura acima ( onde ilustra o estágio da onicocriptose ) e também da expressão não verbal ( tensão, apática, rosto ruborizado ), denota o quão " preocupada com a dor estava ". Nestes casos, o papel fundamental do profissional é controlar " o nervosismo " do paciente ( cliente ). 

Para isto, sugere-se que o(a) profissional tenha sempre uma figura de um caso similar, mostrando como foi realizado o trabalho (intervenção podológica, evitando mostrar procedimentos que contenham sangramentos ) e como ficou após a melhora. Isto ajuda a controlar e transmitir mais segurança ao paciente, que está " tenso " por achar que passará por uma grande cirurgia.

O tratamento da onicocriptose compreende 4 etapas fundamentais:

1 - O primeiro passo a ser realizado compreende o controle do processo inflamatório e infeccioso da lesão com antibioticoterapia sistêmica, como medida profilática à infecções secundárias ( tais como o risco de celulites bacterianas, endocardites ou infecções dermatológicas secundárias ). Isto é feito através da discussão entre o Profissional Podólogo (a) e o Médico do Paciente, que devem discutir e acompanhar o caso;

2 - A segunda etapa corresponde à intervenção podológica, conhecida como espiculaectomia ( remoção de uma espícula ungueal ), que normalmente fica escondida ( invaginada, penetrante no tecido adjacente ). 

Esta técnica foi introduzida e pesquisada pela classe podológica há muitos anos, como intervenção primária na abordagem da unha encravada, que até então  só existia a " exerése ungueal  (remoção do corpo da unha ) " ou a " cantoplastia ( retirada do canto da unha cirurgicamente ) ", realizada por Médicos Dermatologistas ou Clínicos Gerais

Todavia, muitos casos recidivavam e causavam muitos traumas físicos (aparecimento de tecidos fibróticos periungueais e distrofias ungueais ),  traumas psicológicos ( devido as infiltrações de anestesias tronculares ), para a realização da cirurgia. Abaixo, seguem duas fotos que ilustram a cantoplastia, como procedimento traumático (fig 01 e 02 ):

Foto 01Foto 02
 disponível em k1-www.kiko.blogspot.com.br, acesso em 03 de março de 2014,00:40min ).

A intervenção Podológica por intermédio da " ESPICULAECTOMIA " não é considerada uma CIRURGIA, pois não se utiliza nenhum tipo de procedimento anestésico durante o atendimento, o que contribui para uma recuperação pós- procedimento mais eficaz e menos traumático ( fisicamente e psicologicamente ).   

Para a realização deste procedimento, utiliza-se o cabo de bisturí nº 03 ( 3º instrumento da dir para esq ), lâmina de bisturí descartável nº 15 (3º instrumento da dir para esq, entre as duas pinças cirúrgicas ) ou gúbia ( ao lado da tesoura, do lado direito do alicate de cutícula ). 

Estas laminas são descartáveis, e portanto, garantem uma precisão na hora da incisão (corte do fragmento da unha que está dentro do tecido - pele), o que diminui significantemente a dor, pelo fato de não haver necessidade de forçar o local. 

Após a incisão (corte do pedaço da unha), remove-se o fragmento ( espícula ) com auxílio de uma pinça ( chamada de pinça cirúrgica kocher, também conhecida como pinça hemostática ). Sua utilização é bastante eficaz, tendo em vista que seu formato curvo, contribui para o encaixe no sulco ungueal, o que viabiliza a remoção da espícula solta ( conforme figura abaixo, mostrando uma espícula ungueal após incisão com lamina de bisturi nº 15 ).


3 - A 3ª etapa do tratamento da onicocriptose é a cicatrização. Para que isto ocorra, alguns cuidados são imprescindíveis nesta fase de tratamento. Neste momento, o paciente não deve molhar a lesão no banho, não deverá usar calçados fechados e seguir a risca as orientações profissionais. 

Uma simples caminhada com calçado fechado pós procedimento pode atrapalhar na cicatrização, pois o tecido ainda está em um período de recuperação. Para cada situação, existe uma conduta adequada nos curativos, que podem ser com coberturas especiais para absorver o exsudato ( pús,secreções ), para controlar a infecção bacteriana ou para estimular a cicatrização, no caso de lesões limpas. 

Já a última etapa, refere-se ao crescimento do corpo da unha. Nesta fase de tratamento, todo tecido periungueal ( canto da unha ) está bem cicatrizado, o que indica que neste momento importante de evolução pode-se associar um " dispositivo periungueal - uma espécie de anteparo em silicone, introduzido no sulco ungueal para auxiliar o crescimento da unha sem encravá-la ".

Conforme as orientações acima, quando o paciente segue todas as orientações recomendadas, é possível chegarmos na cura em um período curto de tempo, levando em consideração também o comprometimento do profissional para um bom prognóstico.

Veja abaixo este outro exemplo,de um jovem de 23 anos, que foi encaminhado por um médico clínico geral de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Curitiba, pois estava prestes a fazer uma cirurgia de CANTOPLASTIA, caso não tivesse sido encaminhado para PODOLOGIA.


 Em alguns casos, pode ser associado concomitantemente uma órtese ( um tipo de aparelho para corrigir a curvatura da unha ), caso o corpo ungueal (* unha ) apresente-se com excesso de curvatura. 

Convém salientar, que tanto o dispositivo periungueal feito com resina odontológica ( e anteparo em silicone )  e a " ÓRTESE ( aparelho ) " possuem funções distintas. Enquanto que o anteparo ajuda a separar a unha da pele, o aparelho atua na curvatura da unha, e sua ação é gradativa, pois acompanha o crescimento do corpo da unha, o que necessita de manutenção mensalmente. 

* Jamais deve-se introduzir resina periungueal (como anteparo ) ou onicoórtese ( para correção da unha ) em casos onde apresente lesão exposta ( não cicatrizada ). O risco de contaminação ( por bactéria ou fungos ) e piora da inflamação é bastante iminente !*

Muitas vezes, o profissional na ansiedade de resolver o problema do paciente, quer que a melhora ocorra para ontem...e esquece de um detalhe: " A DOR DO PACIENTE ".

O bom profissional é àquele que inicialmente faz uma boa massagem relaxante no " EGO " de seu cliente, que está fragilizado emocionalmente, e o consultório do podólogo, torna-se sua esperança de cura.

E quando falamos em DOR do paciente, me refiro a não sermos traumáticos. Quanto menos invasivo for o trabalho, mais CREDIBILIDADE teremos com o paciente.

 E por final, a receita milagrosa: PROFISSIONALISMO, HUMANIZAÇÃO E PACIÊNCIA. Com esta prescrição, não existirá nenhum caso que não possa ser sanado. " Deus guia nossos pensamentos para elegermos a melhor conduta para cada caso, Guia nossas mãos para sermos HUMANOS nos trabalhos e  aponta o caminho certo quando nos sentimos desorientados ".










Um grande e fraterno abraço para todos.

Pdgo Adelcio José Cordeiro







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